O mundo, uma poesia
Blog sob construção - como a vida, que nunca para!

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Solitude
Entre mim e minha reflexão está tua imagem.
Não posso! Não reajo – só quero e espero,
mas temo, receio e todas aquelas bobagens me tomam.
Somam-se, então, meus desejos por ti – és-me ó sonho!
Ponho-me à tua ausência,
à tua ignorância e à minha própria veemência
àquilo que busco e me ofusco sem nem ver...
Dor? Não sei descrever!
Não sei de nada, somente à mente o que não mente o coração.
Amor? Não posso saber!
Mas por que tal sentimento?
Por que tal inquietude?
Falta-me atitude... falta-me tu!
Ó me-solitude!
Da minha solidão à tua carne – só querença!
Espero este gostar, esta doença não me acompanhar por muito,
pois que o mundo gire e que tudo vire de pernas para o ar.
Tomo-me, assim, por uma só decisão – deixar o tempo passar.
Enquanto não me passa, abraça-me a contramão,
causadora de todo este conflito
Sobre o qual reflito então.
Marvin San - 2014
Meus Olhos, Amor
Amor é egoísta e desequilibrado. Visa ao outro, mas quem sofre sou eu – se do sim, sofro de ciúmes e o que quer que mais se dê à preocupação... nunca nada se quer perder! Se do não, dor, flagelo e solidão. Mas amor sou eu, meu pensamento, meu esquecimento – a sua instigação. Amor é vestir-se de si em qualquer ocasião! Do sorriso que emana, do calor e à maior felicidade humana, amor é abstração posta sobre um concreto quebrado, é sofrimento ou prazer posto num só lado. Amor é o que eu vejo, o desejo que cujo controle se pode perder. Mas ponho a valer, amor é brasa em água se chover, é asa que só não alça voo... Amor é tudo aquilo que me instiga, me esquenta, me judia, mas não te amo senão por mim!
Marvin San – 10.03.2016
Sentenciado
Ó vida...
Como suicídio – amar-te!
Viver e sonhar, morrer e acordar.
Estar a sofrer a própria arte...
Ó vida...
Como homicídio – é dar-me!
É ser ao estar, saber e ignorar.
Deixar-se vencer, mas não por charme...
Exorciza-me.
Batiza-me.
Embora haja coisas que tendem a nunca mudar.
Excomunga-me.
Conjura-me.
Pois a vida é a melhor sentença.
É uma doença a nos sepultar!
Independentemente do que quer que seja,
então, só quero amar-te.
Não se vive apenas do que se almeja,
mas, da vida em si, faço parte.
Marvin San - 05.12.2013
Náufrago
O sol se põe e não posso mais me salvar.
Talvez não possa nadar contra a correnteza.
Afogo-me na sedução, na atração do mar
E não há mais proteção, nem mais defesa.
Não há sombra, não há gente, nem nada
E já nem mais força, sei que vou afundar.
Sai o dia e entra novamente a madrugada.
De repente, a maré sobe e vou me afogar.
Eu estava só me afundando em você,
Agora já estou totalmente submerso.
Já estou exatamente onde ninguém vê.
Eu, agora, estou realmente imerso
E não quero nem saber o porquê.
Só quero estar no seu universo!
Marvin San - 2007